Eu não consigo explicar a relação de confiança e aceitação que eu tenho (e acho que a grande maioria dos diabéticos tbm) com outras pessoas q também são DM.
Sempre me tratei com o mesmo médico e durante quase 14 anos passei em consultas com ele. Por obras do destino acabei indo parar no consultório da Dra Viviane Cabeça, em Suzano. Suzano é longe pra cacete da minha casa, andei quase 1h40 de carro e durante o caminho eu cheguei a pensar sozinha “Nossa Marina, onde vc foi se meter?! Porque ir tão longe só para uma consulta médica?”
Bom, eu vou te explicar porque (ou pelo menos vou tentar). Há 14 anos eu me trato com o mesmo médico, nunca tive nenhum problema, sempre acreditei em tudo o que ele falou, adoro o método dele de abordar os pacientes, acho ele uma pessoa fantástica, seguia corretamente o que ele falava (mentira!)....e pã! É aí que o bicho pega.
Se eu estivesse falando essa frase para qualquer pessoa e não para vcs (que são Dms), eu juro que falaria a frase completamente mentirosa: “eu seguia à risca tudo o q ele falava”....
E porque a gente mente tanto? Mentimos para as pessoas, mentimos para os médicos, e pior, mentimos pra nós mesmos. A gente SEMPRE diz: “eu não sei pq eu estou assim...” Ah, mas vc sabe, a gente sempre sabe, só que a gente não quer falar porque sabemos que vamos tomar uma comida ou pior, que seremos julgados pelos nossos erros. E aí que a relação médico/paciente morre. Se vc não confia e não se sente confortável em abrir seu coração e admitir seus erros para o médico que, teoricamente, é o cara que vai te salvar sempre: fodeu.
Acontece que eu entrei na sala médica da Dra. Viviane e imediatamente eu senti uma sintonia. Sabe aquele sintonia estranha e sem explicação que vc tem quando vc conhece um outro DM em um pic nic? Aquela vontade bizarra de abraçar e tirar uma selfie? Pois eh.
ELA É DM 1, HÁ 22 ANOS, E USA BOMBA DE INSULINA. 🙏👏💪💃✌👌👍😍
Paftt! Foi aquele amor à primeira vista. <3
Incrivelmente as perguntas como médica foram totalmente diferentes. Por ela ser DM ela SABE, e SENTE, exatamente tudo da doença: as dificuldades, os medos, a encheção de saco, a irritabilidade, o stress....TUDO. E ELA SABE.
Cheguei lá depois daquela minha super hiper de 430 que eu postei aqui, mostrei o meu libre pra ela e a resposta foi: “Hum, vamos entender porque isso aconteceu.” E eu teria uma certeza quase que absoluta que qualquer outro médico sem diabetes falaria: “Hum, o que vc comeu?” ou “Hum, o que vc fez de errado?”
Não estou aqui culpando a conduta médica de nenhum profissional, o que eu quero dizer e mostrar é que quando vc fala com outro diabético não há julgamentos (quase sempre não há, tem aqueles diabéticos que se acham donos da verdade e ficam por ai enchendo o saco ao invés de lavar uma louça né? Mas isso sempre tem, em todas as áreas.). Talvez porque ela saiba que só um vento batendo na cara de um diabético seja capaz de alterar a glicemia então ela não te julga, ela quer entender o que causou aquela desordem para te ajudar a controlar tudo isso.
Eu me senti acolhida. Me senti entendida. Me senti à vontade para falar “ei, tô precisando de ajuda nisso aqui”. Me senti confortável para dizer “Dra, não tô legal, não tô conseguindo dar conta, o que eu faço agora?”
E ELA NÃO ME JULGOU, em nenhum momento. Ela abriu os braços e disse “Vamos acertar tudo isso, passo a passo, uma coisa de cada vez, com calma e sem pânico”.
Eu queria que todos os diabéticos do universo pudessem se consultar com ela. Ou pelo menos que todos os diabéticos pudessem se consultar com um médico diabético.
Não é que os outros médicos não sejam confiáveis, não é isso, o meu Dr. Ricardo sempre foi meu médico do coração, mas é que existe uma relação de confiança invisível e automática com outro DM que é realmente surreal.
Sabe quando vc entrega seu celular para uma pessoa qualquer na rua tirar uma foto sua? Vc entrega confiando que ela não vai derrubar, nem vai sair correndo roubando, ou q não vai estragar sua tela. Vc nem fica pensando nisso, vc simplesmente entrega o celular e espera pela foto. Mas quando vc está entre amigos e faz a mesma coisa com alguém que vc conhece, esses 2 segundos de medo da queda, roubo, e etc não acontecem. É tão instantâneo, automático, e invisível que chega a ser imperceptível, mas o medinho tá ali no seu coração não tá?
E eu me sinto assim quando entrego a bomba de insulina na mão de um médico. Eu sei que o cara manja do paranauê, mas é como se rolasse um “por favor, não estraga essa porra”. E quando a
Dra. Vivi pegou na minha bomba, no meu combo, no meu libre, foi tipo “nossa, ela sabe mexer em tudo, ela sabe onde estão os menus, ela sabe ver os relatórios, ela sabe mudar as doses, ela sabe ver as basais....” e eu fiquei assim: 😍😍😍😍
Quando o médico que te trata tem o mesmo problema que você eu acho que fica tudo muito mais claro pra ele, e mais confortável pra vc.
Meu retorno na Dra Vivi é no dia 22/12, quase natal, e eu não estou me importando de andar mais 60 km para vê-la de novo. Tudo o quero é poder sentir essa paz e cumplicidade que senti na minha primeira consulta.
Pela primeira vez depois de muitos anos me sinto completamente compreendida por um médico, e isso não tem convênio que cubra.
SERVIÇO: Dra. Viviane Cabeça, em Suzano (11 4748-1589 – R$ 350 a consulta)