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Foto do escritorMarina Tipo Ruim

Hoje eu tive o diagnóstico mais amedrontador que existe para um diabético: NEUROPATIA


Mas calma, não é pra tanto!

A gente escuta falar, lê pouca coisa e quando vê se assusta demais com uma coisa que tem tratamento, precisa ter uma atenção especial, mas se diagnosticado nos primeiros momentos (como no meu caso) é assustadorZinho....apenas.

Eu tenho 16 anos de DM1 e tive minha glicada entre 7 e 10, em anos piores e de revolta, 10 .... Fazia consultas e as coisas iam melhorando, chegava em 7.5, eu ficava feliz e relaxava. Dai subia pra 8....mas nada além disso. O médico que realizou o exame disse que, pelo tempo de diabetes, é quase que impossível, mesmo com glicada em 6 que algum tipo de neuropatia não apareça.

Ótimo! Me sinto menos culpada!

Mas vamos lá: eu sempre senti dores absurdas nas pernas, mesmo quando criança, sem diabetes. Alguns médicos diziam que era a “dor do crescimento”. Eu cresci e a dor ainda existia. Eu sinto essas dores se tomo friagem (coisa de vó, mas super verdade!), se ando muitos Km e por muito tempo fico em pé, ou em época de frio. Comprar um lençol térmico ajudou muito nas dores.

E de uns poucos meses para cá sinto que a pontinha do meu dedão começa a formigar, para, volta, começa de novo. E se eu fico muito tempo sentada não computador, sinto uma sensação de pernas inchadas. Fisicamente elas não estão inchadas, mas a sensação é de q meus pés viraram pãezinhos.

Fui ao meu médico endócrino e ele me pediu esse exame: Eletroneuromiografia.

Comecei a ler umas coisas no google e desisti...porque a gente é bicho besta de ficar lendo as paradas antes do problema acontecer, e isso só faz as minhocas terem um lugar ótimo para morar: sua cabeça.

Eu já fui pro exame cagando nas calças. Literalmente. Ontem tive uma diarreia emocional só pq o exame seria feito hoje.... (nossa cabeça manda em tudo, não tem jeito). Mas vou descrever para vocês o que acontece pq se DEUS quiser, as pessoas vão jogar no google sobre esse exame e o meu post vai aparecer para elas....assim evitamos mais caganeiras desnecessárias né?

Bom o médico que fez o meu exame (não perguntei o nome pq eu tava desesperada na hora) fui muito legal, (em partes pq eu pedi pra tirar foto do exame e ele não deixou. Até não deixou o Sérgio ficar na sala, ele esperou na recepção). Ele sentou comigo e explicou cada parte do exame, para que servia cada eletrodo, cada agulha (sim, tem agulha!), cada fio e o que cada coisa ia fazer. Basicamente é o seguinte: a gente tem vários nervos que servem para nos dar as sensações de frio, quente, dor, carinho, toque....e esses nervos podem ser danificados (em uma pessoa diabética ou não!) e quando isso acontece, você perde a sensibilidade das partes (braço, dedos, pernas, canela...). E esse exame mede a funcionalidade dos seus nervos e dos músculos, só pra checar se está tudo bem por ali...

Perfeito.

Vá de short e regata.

Você senta primeiro na maca e ele coloca os eletrodos em alguns pontos da sua mão. E eh aí que a brincadeira começa: com uma arma de paralisar bandidos (tô zoando, não é uma arma, mas parece muito!) ele dá vários choques no seu braço, pulso, dedos, e antebraço. O choque é uma coisa bem leve. Incomoda, mas não dói. Seu dedo involuntariamente se mexe, se não se mexer é sinal que fodeu tudo. Então é um ótimo sinal sentir o choque beleza? Na tela vai aparecer umas curvas, isso quer dizer que seu nervo está respondendo aos estímulos elétricos. Se não aparecer nada começa a chorar pq tú tá todo fodido...

O choque é bem parecido quando vc tomava choque no chuveiro da casa da vó sabe? É uma “tremidinha”, de leve, e pronto. Mas a intensidade pode mudar se você tiver um problema. Que foi o que aconteceu comigo.

Depois dessa área dos braços eu deitei na maca e ele colocou os eletrodos no meu dedo do pé, bem em cima, onde a gente tem uns pelinhos sabe? (Bem feio por sinal, se vc também tem, raspe!), no peito do pé, e embaixo do ossinho do calcanhar. Quando ele fez isso começou a me dar um suador LOUCO! Pq eu fiquei pensando: MEU DEUS ELE VAI DAR UM CHOQUE NO MEU DEDO E VAI DOER MUITO! Mas não doeu. Ele deu o choque e foi ok. Chato. Mas ok.

O problema foi quando eu virei de barriga pra baixo e ele deu os choques na batata da perna. Até então era 1 ou 2 choques e ele partia para outro lugar. Mas na batata ele deu 1, 2, 3, 4, e dai começou a aumentar a intensidade. Ali eu já me liguei que tinha uma merda por vir. E tinha.

Eu tenho uma mono-neuropatia. Apenas um dos nervos tem problema. Ele tem um tempo de resposta menor do que o ideal, o que é a causa para todos os sintomas citados acima!

AHHHHHHHHH PUTA Q PARIU TO COM NEUROPATIA VOU AMPUTAR A PERNA! VOU TER Q VENDER TODOS OS MEUS HAVAIANAS PORQUE VOU PERDER O DEDÃO!!!!

Não. Não é assim.

A neuropatia não é o problema que faz vc amputar as pernas, ou dedo, e enfim. Ela é responsável pela falta de sensibilidade. Sem sensibilidade, você se machuca, não percebe, aquilo vira uma úlcera e você amputa a perna. É isso entendeu?

Segundo aquele médico, que estava fazendo meu exame, não é nada que eu precise morrer de preocupação e tals. O médico pode dar algum remédio (ou não!) e o esquema é baixar a glicada sempre e o máximo que você puder para evitar merdas futuras.

Segundo ele existem pessoas q tem neuropatias severíssimas, e daí essas sim estão totalmente na merda pq elas passam a não sentir mais os membros e tudo isso vira uma coisa grave, enfim.

Mas dai vem a segunda parte do exame!

Ele enfia umas agulhas no seu músculo. Sim. Ele faz isso. E não é bacana.

Mas a agulha é bem parecida com as de acupuntura. São finiiiiiinhas, bem finas mesmo! E ele enfia de uma vez só que vc nem sente. O que dói é que ele pede para vc fazer força nos músculos, só que tem uma agulha enfiada no seu músculo, daí dói, e vc diz “mano eu não vou me mexer pq tá doendo essa porra!” e ele diz “Vamos lá Marina, faça força na coxa!” e vc não quer fazer, pq tem APENAS uma agulha no meio do seu músculo....e parece q ele não entende isso e fica falando pra vc fazer força. É assim, um desespero. Mas passa rápido.

Na primeira perna eu fui querer dar uma de esperta e tipo “fingir” q eu tava fazendo força sabe? Então ele teve q repetir 3x, ou seja me fodi forte.

Na segunda perna eu vi que tava na mão de Deus, que não tinha o que fazer, então na primeira eu já fiz toda a força q eu podia, então foi mais rápido e acabou logo.

Dói? Sim. Insuportável? Não. Parece q vc vai morrer? Não. É ruim? É. Fica dolorido depois? Fica. Na perna que eu fiquei fazendo corpo mole ficou muito mais dolorido que na outra perna q eu segui as instruções, ou seja, não seja burro como eu fui. E porque fazer? Pq quanto antes vc diagnosticar, melhor pra vc.

Eu sai do consultório sem o laudo médico, porque como qualquer exame só fica pronto dias depois. Assim que sair vou agendar uma consulta com meu médico e ver o que ele diz, como vamos tratar, como será daqui pra frente. Estou emocionalmente chateada pq chegou o dia em que uma sequela da doença apareceu. Apareceu de verdade. Até então tudo isso eram posts e histórias de outras pessoas. A sensação que eu tenho é muito estranha. A vida toda eu sabia q isso podia ou ia mesmo acontecer. Mas quando acontece é surreal.

Não estou me sentindo culpada, não mudaria nada q eu fiz, e nem como eu fiz, não sinto q eu falhei, não sinto que preciso me enfiar num quarto e chorar, não estou com medo, e nem estou desesperada. Estou consciente de que agora com certeza vai vir mais um tratamento, talvez mais um remédio q eu vou tomar (e que provavelmente vou esquecer em alguns dias).

Voltando pra casa com o Sergio eu disse “Precisamos fazer academia, ou alguma coisa, eu sei q preciso e que vc tbm..”. E ele me disse uma coisa que é a mais pura verdade: uma coisa é vc saber o que precisa ser feito, outra totalmente diferente é vc ter disciplina, força de vontade e disposição pra fazer. E ele tem razão.

Pra vc q não é diabético e que está pensando em comentar assim: PORRA MAS VC TEM Q FAZER, VC TEM Q SE VIRAR E ARRUMAR DISPOSIÇÃO PARA SE CUIDAR.....

Eu te faço um convite: vá a merda.

Só quem vive a doença sabe por tudo o que vc passa, luta, enfrenta, vence e as vezes perde.

O recado desse post? Faça seus exames regularmente, e se sentir qualquer coisinha diferente, fale com seu médico. Se ele disser que é normal, procure outro médico.

Não se desespere, mas cuide de vc mesmo.

Nós somos os únicos responsáveis pela nossa doença. Se eu tenho neuropatia hoje a culpa é toda minha, de mais ninguém.

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Realizei os exames na Clínica Cardiologia MeD Diagnósticos – Rua Salete, 200 – (11) 2139-6900 – Meu convênio é o Sul América Plano 515

Meu endócrino é o Dr. Ricardo Barroso – Clínica Villa Vita – Rua Sales Júnior, 642 – (11) 3832-1062 __________________________________

Eletroneuromiografia (ENMG) é um procedimento que avalia a função do sistema nervoso periférico e muscular através do registro das respostas elétricas geradas por estes sistemas, às quais são detectadas graficamente por um equipamento denominado eletroneuromiógrafo.

A lesão destes sistemas determinam doenças neuromusculares que representam um grupo extenso de afecções que comprometem a unidade motora. A unidade motora estende-se do corpo celular do neurônio motor inferior, raiz nervosa, nervo periférico, a junção neuromuscular até o tecido muscular esquelético.ENMG é de fundamental importância para auxílio diagnóstico, terapêutico e para fins de prognóstico em doenças neuromusculares e deve ser indicada após avaliação clínica de profissionais capacitados.

O exame é realizado em duas fases:

- Estudo dos nervos periféricos: aplica-se estímulo elétrico registrando a resposta do nervo estudado (potencial de ação) que é analisado pelo neurofisiologista clínico, comparando-se com o lado contralateral, bem como os valores padronizados de referência. - Estudo dos músculos: utilizando-se eletrodos de agulhas pequenas, os quais são inseridos nos músculos para registro de atividade elétrica muscular em repouso e durante a contração.

Objetivo:

- Seu objetivo principal é analisar a velocidade de condução elétrica e o estado das unidades motoras, ou seja, detectar lesões do sistema nervoso periférico e muscular localizando a lesão dentro da unidade motora, assim como quantificar tal lesão, o que permite ao médico fazer o diagnóstico e prognóstico do paciente, ao elucidar o tipo de patologia (axonal, desmielinizande ou mista) e o tempo de evolução da mesma (aguda ou crônica).

Indicações clínicas:

- Mononeuropatias (traumáticas), neuropatias compressivas (síndrome túnel do carpo), polineuropatias axonais (por diabetes, alcoólicas, vasculites), polineuropatias desmielinizantes (síndrome Guillain-Barré), paralisias faciais; doenças do motoneurônio (poliomielite, atrofia muscular espinhal, esclerose lateral amiotrófica); lesões de gânglios das raízes dorsais (herpes zoster, ataxia de Friedreich, neuropatia sensitiva hereditária); lesões de raízes nervosas/hérnias discais/tumores; doenças de plexos nervosos (tumorais, traumas, plexopatia diabética); doença da junção neuromuscular (miastenia gravis); doenças musculares (distrofias, síndromes miotônicas, miopatias congênitas, metabólicas ou adquiridas)

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