Meu irmão é Geofísico. Não estou brincando, ele é mesmo. Um dia eu visitei ele no trabalho para conhecer mais sobre a profissão dele, e ele me mostrou um aparelho chamado “sismógrafo” que serve para monitorar terremotos. Eita aparelho engraçado, eita coisa difícil de se pensar, eita profissão complicada, eita tanto de contas e número, e algarismos...
O sismógrafo é um aparelho que detecta os movimentos do solo. Sabe aquele aparelho que em todos os filmes sobre o fim do mundo as agulhas começam a se movimentar loucamente prevendo um terremoto super forte e grave? Então. É ele.
Mas naquele dia foi muito engraçado pq a minha mente de “artista”, tal como qual, imediatamente deixou a voz explicativa dele em segundo plano e começou a pensar: esse aparelho parece o gráfico da minha vida. E rapidamente me dei conta de que até mesmo o planeta Terra tem o seu gráfico, tem sua montanha russa e tem os seus altos e baixos.
Olhando para o sismógrafo por mais alguns minutos pude perceber que nem mesmo o solo do nosso planeta é tão resiste, duro, forte, estável e seguro quanto parece...ou melhor, quanto deveria ser.
Moramos em uma superfície tão frágil quanto nós. Ela se quebra, balança, se racha e forma incríveis ondas altas e bem desenhadas em gráfico que monitora suas atividades sob o stress da natureza.
Um terremoto, um maremoto, um vulcão, uma bomba atômica, uma explosão e acreditem, às vezes uma simples vaca que pasta perto demais de uma estação sísmica pode alterar o gráfico de linha reta e perfeita do nosso tão sagrado solo. E meu pensamento comparativo foi diretamente para nós, para os nossos gráficos. Se o planeta Terra não mantem um gráfico estável, porque é que nós, diabéticos, haveríamos de manter?
Nossos terremotos são chamados carboidratos, nossos maremotos podem ser classificados como stress, um vulcão pode ser uma TPM e a bomba atômica uma grave infecção. Se qualquer um desses desastres nos atingir é o suficiente para alterar os nossos gráficos tão rápida e gravemente que seria digno de um filme sobre o fim dos tempos.
O que fazer então? Os geofísicos usam os sismógrafos para detectar um tremor precocemente e, assim, podem tomar atitudes preventiva, soltar alertas para a população ou até mesmo evacuar cidades. E com a gente não pode e não é diferente.
Usamos sensores que mais parecem sismógrafos implantados sob nosso solo, ou melhor, sob nossa pele. Assim como os geofísicos podemos analisar nossos gráficos e corrigir um possível erro, ingerir mais carbo para evitar uma hipo, aumentar a dose de insulina para não entrar na hiper. E se não temos um sensor, usamos nossos testes diários de glicemia na ponta de dedo para prever nosso estado.
E Não existe um gráfico reto e estável.
Não existe no planeta, não existe na bolsa de valores, não existe nos resultados de futebol, não existe na planilha de vendas, não existe na previsão do tempo, não existe no controle do diabetes. O mundo é instável.
Somos assim porque estamos vivos. As coisas acontecem em nossas vidas, mudam nossas rotinas, quebram nossos padrões e temos que encarar isso positivamente. Devemos ler nossos gráficos e agir preventivamente. A cobrança por uma linha reta é cansativa e abusiva.
O único momento em que você terá um gráfico de linha completamente reta, será o gráfico que indicará a sua morte. E eu espero que vc não o veja tão cedo.
Prefira sempre as curvas da vida.